Antes de mais nada: o que realmente é o autismo?
Em primeiro lugar, precisamos compreender que o autismo vai muito além de um simples rótulo. O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento. Ou seja, ele acompanha o indivíduo ao longo de toda a vida.
Mas afinal, tudo é autismo? Nem sempre. E é exatamente isso que vamos esclarecer neste artigo.
A diferença entre diagnósticos médicos e psicológicos
Antes de tudo, é importante distinguir dois caminhos: o diagnóstico médico e o psicológico.
- O diagnóstico médico costuma ser mais objetivo, centrado em critérios e sintomas.
- Já o diagnóstico psicológico considera a experiência subjetiva da pessoa, sua forma de ser e estar no mundo.
Ambas as abordagens são válidas, contudo, não devem ser confundidas.
Tudo é autismo? O papel dos manuais diagnósticos
A princípio, os manuais diagnósticos (como o DSM5-TR) nos ajudam a identificar padrões. No entanto, limitar a compreensão do autismo apenas a eles é um erro comum.
Apesar disso, esses critérios funcionam como um guia. Eles facilitam a comunicação entre profissionais e servem de apoio para decisões clínicas. Porém, acima de tudo, a vivência do sujeito deve vir em primeiro lugar.
A subjetividade é soberana
O olhar fenomenológico nos ensina que cada ser humano é único. Ou seja, antes de qualquer diagnóstico, há uma pessoa com sentimentos, histórias e modos próprios de existir.
Tudo é autismo? A resposta exige escuta e sensibilidade. Nem todo comportamento diferente é um sinal de transtorno.
Quando a sociedade exige padrões, surgem os conflitos
Ainda mais preocupante é perceber como a sociedade reage à diversidade. Vivemos em um sistema que preza por padrões.
Logo, qualquer um que se desvie disso é visto como “errado”.
Isso gera:
- Dúvidas sobre si mesmo;
- Sentimentos de inadequação;
- Questionamentos constantes;
- Sofrimento emocional.
Características que podem estar presentes no autismo
Veja abaixo algumas características comumente associadas ao autismo:
- Pensamento literal e dificuldade com metáforas;
- Dificuldade na interação social;
- Hipo ou hiper sensibilidade a estímulos;
- Forte apego a rotinas e previsibilidade.
Contudo, somente a presença desses traços não confirma um diagnóstico de autismo.
Como o autista vivencia o mundo?
Sobretudo, a psicologia fenomenológica busca entender como cada pessoa sente e experimenta essas características.
Por exemplo, evitar contato visual pode ser um gesto de desconforto – não um sinal de frieza. Já a necessidade de rotinas pode representar segurança em meio ao caos do mundo externo.
Tudo é autismo? Diagnóstico exige critérios claros
Apesar de parecer que muitos comportamentos podem ser autistas, nem tudo é autismo.
Para confirmar um diagnóstico de TEA, é necessário que:
- Os critérios sejam cumpridos de forma precisa;
- As características tragam prejuízos significativos na vida da pessoa;
- O sofrimento seja evidente e contínuo.
Portanto, apenas um profissional qualificado pode avaliar tudo isso com responsabilidade.
O objetivo do diagnóstico: libertar, não rotular
Infelizmente, muitos ainda veem o diagnóstico como um carimbo. Porém, a verdadeira intenção é muito mais profunda e humana.
Diagnosticar com ética significa:
- Oferecer caminhos para reduzir o sofrimento;
- Promover qualidade de vida;
- Ajudar a pessoa a entender sua subjetividade;
- Ampliar a liberdade de ser quem se é.
Em conclusão: tudo é autismo?
Definitivamente, não. Nem tudo é autismo.
Mas, ao mesmo tempo, não podemos negligenciar sinais de sofrimento.
O diagnóstico bem conduzido é um ato de cuidado e empatia. Ele deve acolher, esclarecer e transformar a vida de quem recebe essa compreensão.
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